quarta-feira, 11 de abril de 2012

Real ou não real - conceitual / instalação

A obra 

Pequenas esculturas brancas são projetadas na parede de uma grande sala, criando a ilusão de um grande quadro de 3 metros de altura. Por efeito da projeção, as pequenas formas tomam grandes dimensões. O público pode jogar com a luz e mover as esculturas, criando uma dança de sombras.

A ideia 

A ilusão de escala provocada pela projeção é observada no jogo de luz que alterna os movimentos, criando um limiar confuso entre realidade e fantasia, tornando importante o que é pequeno e vice versa. Esta obra propõe dar a perceber que as coisas mudam e que processos ocultos subitamente mostram outra face, fazendo-nos refletir sobre a ilusória capacidade de cultivar expectativas que repentinamente nos mostram sua inexistência. Então, podemos nos perguntar com propriedade o que é real e o que não é. A obra (2009) propõe uma reflexão sobre este enigma. 

O projeto 

Consiste numa obra tridimensional, iniciada pela projeção de imagens dos objetos por meio da luz e da sombra. A projeção será por trás de um telão colocado na metade de um ambiente de aproximados 80 metros quadrados. O espaço dividido em duas partes, na frente e atrás do telão, dá a possibilidade ao publico de interagir com a obra. 

 

Nesta primeira parte da obra, o comportamento do espectador é passivo. Como conseqüência das imagens observadas, ele se remete a seu imaginário. Mesmo que o encontro com as imagens sejam através de sombras, seus reflexos cromáticos emanados da projeção, trazem uma experiência significativa. Ainda assim, o que ele vê não é real, já que o real permanece oculto. 
O espectador passará para a segunda parte da sala, conduzido por uma pessoa que ficará antes do telão, e terá a possibilidade de observar a real dimensão dos objetos. Ele pode se apoderar do real e ainda o pode movimentar-se numa dimensão não real, recuperando o seu imaginário e seu próprio senso de unidade. 



Passada a surpresa inicial, poderá manipular as luzes, interagindo com as distâncias e provocando as diversas localizações dos objetos no espaço da tela. Seu comportamento, agora ativo, provocará outra leitura nos movimentos iniciais da projeção; e esta possibilidade só se detém quando é esgotado o tempo da exposição da projeção. 

Nesta fase, a obra detém um sujeito universal e o artista perde o controle da imagem. A experiência modifica o espectador, já que ele, ao entrar na sala, tem uma primeira percepção que fica diferenciada após entrar na segunda parte da sala, perdendo algo do imaginário inicial e ganhando depois em realismo e poder A experiência, portanto, vai dirigida a quem observa as imagens projetadas e se complementa ao passar ao lugar da representação, se deslocando no meio das peças, manipulando a luz e o movimento delas, interferindo, relacionando-se e introduzindo ele mesmo entre os objetos, carregando-os de sentido. 

Ainda pode-se observar outro aspecto, onde o foco de atenção criado pelo objeto manipulado através das luzes abre a possibilidade de o espectador ficar dominado pelo poder que emana da situação e ficar com a sensação do domínio do objeto. 


Diversas visões da projeção 



 



Objetivo 



Proponho atravessar a materialidade dos objetos atingindo as siluetas frágeis que dançam na zona da emoção, da sensação para se deparar finalmente com as experiências adquiridas por cada um. 

Dar a perceber que realidade e a ilusão num ir e devir nos mostra aspectos de nosso próprio mistério no frágil limite da matéria corpórea com a fugacidade da sombra, e que vivemos ainda presos como no mito da caverna, mesmo que a prisão seja sutil e crie a ilusão de liberdade. 

Dar a perceber que as coisas mudam e que os processos ocultos subitamente mostram a outra cara da realidade.

Evidenciar sobre a ilusória capacidade de cultivar expectativas que repentinamente nos mostram sua inexistência.

Mostrar que a circularidade da dinâmica entre a bi dimensão e tri dimensão retornando á tri dimensionalidade são metáforas análogas as nossos níveis de compreensão das diferentes camadas da consciência humana.

Um comentário:

  1. -¿Por qué tratas de entender el arte? ¿Tratas de entender el canto de un pájaro? -Pablo Picasso.

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